A Plataforma Mondego Vivo é um movimento de cidadãos, instituições e empresas contra a construção de mini-hídricas e açudes no rio Mondego.
Desde a primeira hora em que foram conhecidos os planos para a construção da mini-hídrica no rio Mondego, junto à povoação de Foz do Caneiro, levantaram-se várias vozes contra a sua construção.
No dia 11 de Março de 2011, reuniram-se no Salão Nobre da Câmara Municipal de Penacova representantes de diversas entidades (câmaras municipais, juntas de freguesia, Confraria da Lampreia, empresas de canoagem, restaurantes, associações locais e associações ambientais) e cidadãos anónimos da região que unanimemente se declararam contra a construção este projecto.
A constituição desta Plataforma foi a forma encontrada para unir todas essas vozes, no sentido de levar a cabo diversas acções que visam impedir a construção da mesma, por entendermos que trará impactos negativos que suplantam grandemente os benefícios que poderão advir de tal construção.
ARGUMENTOS CONTRA A CONSTRUÇÃO DA MINI-HÍDRICA
IMPACTOS NA ACTIVIDADE TURÍSTICA:
IMPACTOS AMBIENTAIS:
IMPACTOS ECONÓMICOS:
IMPACTOS SOCIAIS:
Interrogamo-nos sobre os motivos que levaram o Estado a definir este local. Não poderiam existir outras alternativas na Barragem das Fronhas, Raiva ou Açude-Ponte de Coimbra, aumentando o potencial de produção destes locais, visto que as infraestruturas já existem e os ecossistemas já estão destruídos?
Daqui apenas podemos concluir que esta licença só foi atribuída para reduzir o défice do Estado e não existe uma preocupação real na produção eléctrica sustentável, não só em termos energéticos, como ambientais, económicos e sociais.
- Animação turística: A canoagem no rio Mondego é a actividade de animação turística mais comercial de Portugal, com 30.000 turistas por ano, um volume de negócios directo anual de cerca de meio milhão de euros, acrescido de toda a actividade turística a montante, autocarros, restaurantes e hotéis. O valor da licença de exploração (3 milhões e meio de euros) corresponde assim a 7 anos de produto destas empresas. O Estado encaixou este montante, mas irá implicar a falência destas empresas e criar desemprego.
- Restaurantes: Penacova é a capital da Lampreia em Portugal. A construção do paredão irá impedir a subida desta espécie para a zona de excelência da desova entre Penacova e Coimbra. Pensamos ser impossível continuar a investir num produto turístico-gastronómico quando o alvo não existe na região. Serão os restaurantes os principais afectados
- Praia Fluvial de Palheiros (Torres do Mondego): a flutuação da água com as turbinagens irá inviabilizar o bom funcionamento da praia e prejudicar a qualidade da água nesta zona balnear.
- destruição da flora ripícola, alterações dos habitats, alterações climáticas locais (aumento da humidade e do número de dias com nevoeiros), obstáculo à movimentação de peixes e animais. Tratando-se de um represamento, anula os resultados da escada de peixe no Açude-Coimbra. Mesmo que uma escada de peixe seja colocada nesta Mini-hídrica, os peixes vão encontrar um ecossistema completamente alterado. O sector alvo é precisamente o único troço sem represamentos que existe no curso médio do rio Mondego.
- neste âmbito assume particular relevo a Lampreia, espécie anterior aos Dinossauros que no seu ciclo de vida escolhem o rio Mondego para desovar. O local por excelência para tal desova é o troço afectado pela construção da mini hídrica, ficando esta sem águas correntes e baixios ideais para a postura das ovas.
- impacto dramático no saldo sedimentar, já severamente afectado pelos represamentos a montante, contribuindo para o aumento da velocidade erosiva a jusante.
IMPACTOS ECONÓMICOS:
- A construção da Barragem só vai criar postos de trabalho temporários durante a construção, porque o funcionamento será automatizado. Em contrapartida, destrói-se toda uma economia baseada no rio, com empresas e postos de trabalho locais. O rendimento da produção eléctrica será canalizado para fora da região. A região não beneficiará em nada com este empreendimento, pensado num gabinete, sem qualquer conhecimento ou estudo prévio das actividades locais. A região de Penacova já contribui em pleno para a produção hidroeléctrica nacional com as barragens das Fronhas, Raiva 1 e 2 e Aguieira. Este projecto irá produzir menos de 1% da produção regional e uma ínfima parte da produção nacional. O retorno hidroeléctrico deste projecto é ínfimo, face aos impactos económicos que terá no tecido empresarial e familiar local e regional.
- As populações ribeirinhas terão os seus terrenos de cultivo inundados e inutilizados entre Foz do Caneiro e a Ronqueira, com Carvoeira, Louredo e Rebordosa incluídos, resultando também fortes restrições aos terrenos a jusante da Barragem na zona de Palheiros e Torres do Mondego. Estamos a falar de terrenos com elevado potencial agrícola, que em altura de crise, serão uma excelente oportunidade de rendimento familiar. Por outro lado, as povoações ribeirinhas de Rebordosa, Louredo e Foz do Caneiro ficarão na orla da albufeira, constituindo um perigo iminente para crianças e idosos, visto que com a subida do nível da água, as margens serão bastante inclinadas, o que levará ao desaparecimento da secular ligação entre as populações e o rio.
Interrogamo-nos sobre os motivos que levaram o Estado a definir este local. Não poderiam existir outras alternativas na Barragem das Fronhas, Raiva ou Açude-Ponte de Coimbra, aumentando o potencial de produção destes locais, visto que as infraestruturas já existem e os ecossistemas já estão destruídos?
Daqui apenas podemos concluir que esta licença só foi atribuída para reduzir o défice do Estado e não existe uma preocupação real na produção eléctrica sustentável, não só em termos energéticos, como ambientais, económicos e sociais.